Cirurgia Bariátrica pelo SUS em 2024 – Como fazer, Requisitos e Cuidados

A cirurgia bariátrica que usa o método da redução de estômago para forçar o organismo a perder peso se tornou popular nos centros cirúrgicos e, também, no Sistema Único de Saúde (SUS). Os últimos dados revelados pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Metabólica Bariátrica (SBCBM) indicam um aumento em 84.73% na procura pelo procedimento desde 2018, quando o número já era considerado alto. Para conter medidas desesperadas, procedimento se tornou mais exclusivo para quem tem problemas de sobrepeso.

A popularidade da bariátrica no SUS e a falta de conhecimento sobre todas as complicações relativas a redução do estômago fez com que o sistema mudasse a estratégia na hora de atender pacientes obesos. Desde 2018 foram incorporados outros procedimentos na lista do SUS, como o bypass gástrico e a gastroplastia vertical, ambas cirurgias menos agressivas que a redução de estômago.

Os procedimentos intermediários são mais recomendados para quem tem problemas de peso que ainda possam ser revertidos com interferências menores associadas a dieta e exercício físico. Já a cirurgia bariátrica, que tem mais efeitos colaterais, fica restrita a quem é diagnosticado com obesidade grave ou é obeso e possui doenças agravantes, como diabetes ou hipertensão.

Confira aqui todos os detalhes sobre como conseguir fazer a bariátrica pelo SUS e no que consiste esse procedimento para quem pretende realizá-lo gratuitamente.

Como conseguir a cirurgia bariátrica pelo SUS – passo a passo

Nem todas as pessoas podem fazer cirurgia bariátrica pelo SUS. Para conseguir é preciso ter a recomendação médica para tal e seguir o passo a passo dentro da conformidade com o sistema:

Passo 01: Consulta

Só podem fazer cirurgias bariátricas pelo SUS quem tiver o diagnóstico médico para realização do procedimento. Nesse caso, o primeiro passo é agendar a consulta no posto de saúde no qual está cadastrado portando um documento oficial de identificação e o cartão do SUS.

Passo 02: Exames

Para um melhor diagnóstico o médico poderá solicitar exames para confirmar a condição do paciente ou avaliar quais alternativas são viáveis ao caso.

A bariátrica costuma ser a opção de quem o peso interfere na saúde e qualidade de vida, geralmente obtendo entre o grau II e III de obesidade ou graus menores de obesidade atrelados a outras doenças causadas por excesso de peso, como hipertensão arterial ou diabetes.

Passo 03: Diagnóstico

Se o médico do SUS concluir que a cirurgia bariátrica é a melhor opção para o caso deverá recomendá-la via requerimento.

Passo 04: Agendamento

Com o requerimento médico o paciente deve dar entrada na lista de espera no postinho de saúde para entrar no sistema de atendimento. Dependendo da posição o procedimento pode levar entre meses e anos para acontecer

Passo 5: Pré-operatório

Chegada a data de cirurgia o paciente deve fazer uma consulta prévia agendada no postinho para confirmar os detalhes do pré-operatório;

Passo 6: Cirurgia

No dia da cirurgia o paciente deverá ser encaminhado com até uma hora de antecedência ao local em que será realizada a bariátrica;

Passo 7: Recuperação

A recuperação da cirurgia deverá ser feita inicialmente no hospital e depois em casa, seguindo as recomendações médicas e de restrição alimentar.

Passo 8: Pós-operatório

A parte pós-operatória deverá ser guiada por uma equipe multidisciplinar do SUS para encaminhar as melhores atividades físicas, como realizar o controle da alimentação e que alimentos ou remédios deverão complementar a alimentação para compensar a má absorção de nutrientes como ferro, cálcio e vitamina B12.

Fazem parte da equipe multidisciplinar do SUS:

  • Médico especialista em cirurgia geral ou no aparelho digestivo;
  • Nutricionista;
  • Psicólogo e Psiquiatra para acompanhamento – veja como solicitar um;
  • Clínico geral ou endocrinologista;
  • Anestesiologista (no dia da cirurgia);
  • Equipe de enfermagem;
  • Assistente social;
  • Fisioterapeuta.
  • Pessoas que tenham mais de 16 anos;
  • Pessoas que possuam IMC igual ou superior a 40 kg/m², a qual de acordo com a medicação da Organização Mundial de Saúde que o classifica como obesidade mórbida ou grave;
  • Pessoas que possuam IMC superior a 35 kg/m², mas que tenham problemas de saúde de alto risco cardiovascular, como hipertensão arterial, diabetes mellitus, apneia do sono, doenças articulares degenerativas ou transtornos degenerativos;

Apesar da procura pelo procedimento no SUS já ter entrado para a lista de mais procurados (e realizados) o percentual de pessoas que reduz o estômago nas salas de operação do sistema único de saúde representa somente 0,47% da população obesa elegível à cirurgia bariátrica e metabólica no Brasil, ou seja, com IMC superior a 35, conforme indica o Ministério da Saúde.

Quem não pode fazer? Contraindicações

Há situações em que o SUS não aprova a cirurgia mesmo que o paciente se enquadre no grau I e, II ou III de obesidade, tendo ou não riscos agravantes por conta do sobrepeso. São eles:

  • Adolescentes: só podem ser operados a partir de 16 anos. Mesmo quem tem entre 17 e 18 precisa passar por pelo menos duas avaliações clínicas, uma avaliação psicológica e haver o consentimento familiar e aprovação da comissão ética do hospital;
  • Idosos com mais de 65 anos: nesse caso deve haver uma avaliação em especial sobre os riscos da cirurgia e se os benefícios compensam as dificuldades extras no pós-operatório de acordo com as condições gerais de saúde do paciente;
  • Pacientes com antecedente de doença psiquiátrica ou vícios em drogas: nesses casos será preciso de mais consultas psicológicas para a aprovação ou não do procedimento;
  • Portadores de doenças crônicas: quem possui insuficiência renal, doenças endócrinas ou do sistema imunológico poderá ser contraindicado à realização da bariátrica;
  • Pacientes que já tenham feito cirurgias gástricas: quem já realizou uma redução no estômago, fez uma abdominoplastia ou outros procedimentos gástricos poderão sofrer maiores complicações durante o procedimento, ou ficar inabilitado a reduzir o estômago.

A estimativa baseando-se em anos passados é de 100 mil cirurgias bariátricas feitas no Brasil, sendo que destas 10 mil são feitas pelo SUS. Entretanto, dados atualizados em 2019 indicam uma média de 700 mil pessoas na fila de espera para o procedimento.

O tempo de espera para quem já esta na fila, entretanto, pode levar mais para uns do que para outros. Nesse caso, o que vai determinar o tempo é a região. No Paraná, por exemplo, pode-se demorar poucos meses para conseguir, visto que o Estado realiza 47% de todas as reduções de estômago feitas pelo SUS, dado a grande disponibilidade e estrutura da rede hospitalar. Já em estados como o de São Paulo, três anos é o mínimo de espera.

Além do Paraná, 75 hospitais espalhados por 21 estados do Brasil atendem às demandas de cirurgias bariátricas. Pode-se conseguir uma no:

  • Acre
  • Alagoas
  • Bahia
  • Brasília
  • Ceará
  • Espírito Santo
  • Maranhão
  • Mato Grosso
  • Mato Grosso do Sul
  • Pará
  • Paraíba
  • Paraná
  • Pernambuco
  • Rio de Janeiro
  • Rio Grande do Norte
  • Rio Grande do Sul
  • Santa Catarina
  • São Paulo
  • Sergipe e
  • Tocantins.

A obesidade é um problema que afeta um em cada cinco brasileiros, podendo portanto ser considerada uma doença endêmica no Brasil. Pode-se considerar que a cirurgia bariátrica é uma solução imediata para o caso de urgência, entretanto, não é a solução ideal proposta pelos médicos.

Além da necessidade de estimular sobre uma boa alimentação e prática de atividades físicas, os médicos também orientam outros procedimentos menos agressivos para qualquer caso que não envolva o risco de vida.

Para quem possui o requerimento o procedimento deve durar no máximo quatro horas, acrescentado de mais um dia de internação no hospital. O tempo de duração muda conforme as especificidades de cada caso, e se haverá necessidade de outros procedimentos complementares na hora – como a abdominoplastia.

Após feita a cirurgia o paciente deverá ser encaminhado para o pós-operatório com consultas agendadas periodicamente para avaliar a perda de peso, mudanças no sistema e reação do organismo ao novo tamanho de estômago.

Com o estômago menor o paciente terá menos capacidade para armazenar alimentos portanto, passará a emagrecer.

Tipos de cirurgia de redução de estômago

Existem vários tipos de cirurgia bariátrica, e cabe ao médico decidir qual é a mais indicada para cada paciente:

  • Banda Gástrica ajustável;
  • Gastroplastia em Y de Roux (Bypass Gástrico);
  • Gastrectomia vertical;
  • Derivação biliopancreática

O SUS também oferece aos pacientes a possibilidade de cirurgia plástica para redução do excesso de pele que fica após a cirurgia. Para entender melhor como funciona o procedimento confira o vídeo ilustrativo, abaixo:

Antes e Depois da Cirurgia

Muitos famosos ficaram ainda mais célebres depois de passar pela cirurgia bariátrica, com o Faustão ou André Marques. Entretanto, eles não foram os únicos e muito menos os primeiros. Confira, abaixo, alguns resultados de antes e depois da cirurgia – tem casos que perderam de 10 kg até 50 kg após a redução de estômago.

Quais os riscos da cirurgia bariátrica?

Durante o próprio procedimento, erros médicos poderão levar a sangramentos internos, perfurações, infecções e desconfortos abdominais.

Já no pós-operatório podem surgir outras complicações como a diminuição da alimentação, carência de alguns nutrientes e o desvio intestinal, um evento que prejudica a absorção dos alimentos e acaba sendo mais reduzida, já que o alimento fica em contato com o intestino por mais tempo.

Outro efeito colateral e envolvido é a adaptação física e da pele, que pode tornar-se flácida devida a perda de peso repentina. Para tratá-la pode ser realizado o procedimento complementar da abdominoplastia no SUS.

Por último está o aumento das chances de ter pedra na vesícula, efeito que é aferido por 40% dos pacientes que realizam o procedimento no Brasil.

O pós-cirúrgico

Essa cirurgia, assim como qualquer outra, oferece muitos riscos. Por isso, no pós-operatório é enfatizado os cuidados para a garantia de bosn resultados e para minimização dos danos causados.

Alimentação diferenciada

A alimentação reduzida, com alimentos pastosos ou líquidos nas primeiras semanas de pós-operatório é indispensável para respeitar a devida cicatrização do estômago. A partir do primeiro ao segundo mês – dependendo do caso – são incluídos alimentos sólidos aos poucos até consolidação de uma dieta.

Mas a alimentação diferenciada não vale somente para o período pós-operatóri0. Quem faz bariátrica também precisa mudar o que coloca no prato para se acostumar com as possíveis reações do organismo e também para evitar a desnutrição.

Por conta do aumento da chance de anemia é indicação o uso de injeções para suplementação da vitamina B12 que tem a absorção reduzida por conta da diminuição do estômago. Também podem ser usados suplementos que incluam ferro e cálcio para a prevenção da anemia.

Alimentação na 1ª semana

Precisa reduzir até 10% do seu peso dentro de um mês, por isso, deverá cortar carne vermelha e comer somente alimentos líquidos como chás, sopas e papinhas. Tomar bastante água, chás e água de coco são recomendadas para aliviar a sensação de desconforto estomacal. Cada refeição só pode ter 100 ml, no máximo.

Entre a 2ª e 3ª semana

Pode incluir em alimentações de no máximo 200 ml:

  • Leite light
  • Iogurte
  • Sucos sem adoçantes ou açúcares
  • Frango liquidificados
  • Legumes liquidificados

Nessa fase pede-se que o intervalo de alimentação seja de uma hora.

A partir da 4ª semana

Acrescentar à dieta alimentos sólidos e que não ultrapassem os 200 m com intervalo de 2 horas, no máximo. Aqui o paciente começará a se adaptar a um novo cardápio, podendo descobrir que não gosta mais de alguns alimentos e que gosta mais de outros, por exemplo. Nesse momento já poderá incluir:

  • Ovos
  • Carnes trituradas
  • Batata doce cozida
  • Frutas
  • Ovos cozidos
  • Pão macio

Exercício Físico

Para mantar os resultados é altamente indicado a prática de fisioterapia e exercícios físicos que ajudam a definir o corpo e manter um ritmo saudável de vida qual o organismo possa se acostumar a um novo ritmo.

Exames regulares

Será preciso manter um acompanhamento nutricional, bem como exames regulares. Além disso, é preciso fazer uma completa mudança de hábitos, que vão, junto com a cirurgia, auxiliar na mudança de vida.

Os exames regulares também servem para notar se houve alguma alteração na absorção de nutrientes, redução da massa corporal e confirmação se quantidade alimentos que o paciente está comendo se mantém de acordo com a dieta proposta.

Procedimentos complementares

Em alguns casos, pode ser necessário fazer um procedimento extra para remoção da pele que sobra após o emagrecimento.

Nesse caso, o procedimento de abdominoplastia também é garantido pelo sistema público de saúde.

Preço da Cirurgia Bariátrica fora do SUS

Para quem não pretende esperar para fazer a cirurgia e nem a consegui-la de graça, o investimento necessário vai de R$ 10 a R$ 40 mil dependendo do médico que irá realizar o procedimento.

Dependendo da cobertura do plano de saúde, poderá ser usado a franquia para realização do procedimento gratuitamente – desde que seja comprovada a condição do paciente como obeso.